E se...

A recente discussão do Orçamento de Estado para 2011 apanhou-me a ler a biografia de Adelino Amaro da Costa, Ministro da Defesa no governo de Francisco Sá Carneiro e, juntamente com ele, uma das vítimas de Camarate.
Ao longo das páginas de leitura fácil, descobrimos um homem brilhante, dotado de uma inteligência invulgar, de uma nobreza de carácter e um sentido de dever e patriotismo assinaláveis.
Em suma, um homem que em tudo contrasta com os protagonistas actuais da política, a maioria dos quais nos ofereceu um espectáculo degradante em directo da Assembleia da República, para desprestigio de todos e do país que somos.
Inevitavelmente dei por mim a cair naquele exercício “sebastianista” tão recorrente na História de Portugal e que é o “E se…”.
E se D. Sebastião não tivesse morrido em Alcázer Quibir, e se D. Teodósio, o príncipe educado pelo Padre António Vieira, não tivesse morrido tão jovem e tivesse podido suceder a D. João IV, e se D. Pedro V não tivesse morrido tão cedo, e se Sá Carneiro não tivesse morrido em Camarate, e se…
Não sou muito dado a saudosismos e sou um optimista por natureza, mas o contraste do que lia e do que assistia era tão gritante, que não resisti. Não tendo resistido também a pensar que confundir uns e outros é o mesmo que confundir a Estrada da Beira com a beira da estrada.

Comentários

  1. Meu bom amigo optimista, quando se refere ao exercício "e se...", e se baseia nas diferenças entre o Amaro da Costa e outros mais recentes, aceito que possa ser possível estabelecer essa diferenciação. Como sabe existiu já um filme sobre uma estória e a sua evolução "e se...". Teoricamente podemos tentar perceber que hajam diferenças, embora nunca possamos saber quais as influências e consequentes ocorrências entre duas hipóteses, com uma testada e a outra apenas sonhada. No caso concreto dos políticos há, na minha opinião, uma praxis desvirtuante, que será a influência do PODER nas inflexões de cada indivíduo, ie, o que faz um político na oposição e o que faz o mesmo político no poder. Haverá semelhanças? Não me parece pelo que, nos casos dos políticos o "e se..." talvez não possa ser validado. Mas devo dizer-lhe que gostei do seu retomar da prosa. Ajuda-nos a pensar o caminho, com a sua visão da vida. Um abraço.

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