Haverá sempre estrelas no céu.

Para comemorar os 30 anos de carreira do Rui Veloso, a rádio Antena 1, minha habitual companhia nas viagens pela nossa terra, tem salpicado as suas emissões com uma rubrica a que chamou “Rui Veloso integral”, onde algumas figuras públicas falam do artista e da sua obra ao longo destes anos, culminando sempre com a apresentação de uma canção de algum dos muitos álbuns que foram nascendo da inspiração da dupla Rui Veloso / Carlos Tê.
Sem que alguma vez me tivesse identificado com um fã incondicional do artista, reviver estas músicas tem sido uma experiência interessante que me tem devolvido a lugares, a tempos e a pessoas que foram fazendo e sendo a minha história ao longo destes 30 anos, exactamente 68% da minha existência.
Tem sido pois um reencontro muito agradável com parte da minha “banda sonora”.
O já clássico “Chico Fininho” deu o mote para o Rock Português que animava as minhas festas improvisadas nas salas de aula da velha Escola Secundária, quando arredávamos as mesas e as cadeiras para abrir espaço para a dança, ou quando me entretinha colado à televisão no “Passeio dos Alegres” ou me prendia à telefonia na “Febre de Sábado de Manhã”, marcando os anos 80.
Ainda pelos 80 saboreei o “Auto da Pimenta” numa forma fantástica de sentir os descobrimentos portugueses. Que bela companhia, quando eu me entretinha a descobrir os segredos da farmácia e das infindáveis químicas orgânicas.
Mais tarde, no início dos 90, já havia desgostos de amor que me permitiam entender e sobretudo sentir, “Não há estrelas no céu” ou a “Paixão segundo Nicolau da Viola”, obras de arte do mítico álbum “Mingos e Samurais”, que me fez companhia em muitas noites de vigília, quando recém-farmacêutico, garantia o serviço nocturno da Farmácia Universal, socorrendo Lisboa e as suas doenças e emergências através de um postigo.
Associo também o Rui Veloso a dois dos melhores e mais memoráveis concertos a que me foi permitido assistir: no Coliseu dos Recreios onde o Rui Veloso acompanhou BB King, e também no antigo Estádio de Alvalade, quando fez a primeira parte do concerto de Paul Simon, e empolgou mais a plateia do que o próprio Paul Simon.
E para terminar, porque vai frio e melancólico este Outono, deixo-vos uma música de Rui Veloso como sugestão. Não é das mais conhecidas mas é por certo das minhas favoritas: “As regras da sensatez”, disponível no YouTube.

Comentários

  1. Meu querido amigo, em primeiro lugar quero dizer-lhe que não fiz as contas aos seus anos de vida (boa dica os 30 igual a 68%) porque os jovens de espírito são sempre jovens. Depois quero congratular-me com a sua afeição pela música de Rui Veloso. Para quem não se considera fã, não restam dúvidas de que muitas são as músicas catalogadas. Também eu gostei, e ainda gosto, da voz de Rui Veloso, das letras de Carlos Tê e da música que as envolve. Temos coisas boas em Portugal. Num àparte, deixe-me recomendar-lhe os Deolinda. E tanta música que este país nos tem dado.
    Um abraço.

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