O instante perfeito em que as palavras acrescentam vida à magia dos dias de alguém


Chamo Maria, mas poderia fazer uso de outro nome qualquer, à menina que há três semanas assistiu em Vila Viçosa à apresentação do meu livro "As bolachas mágicas da avó Inácia", no meio de muitos outros meninos.
Inspirada pela história e pelos seus heróis, a Maria levou um livro para casa e pediu à mãe que cedo lhe preparasse as bolachas seguindo as regras que asseguram os seus poderes muito especiais. Depois comeu-as pedindo secretamente ajuda naquilo que mais a preocupava nesta fase dos seus sete anos: a escrita lá na escola não andava a sair muito bem.
Numa destas manhãs, a mãe encontrou-a a saltar directamente da cama para a secretária e descobriu-lhe o segredo do pedido às bolachas. A Maria queria confirmar que a magia funcionara durante a noite, e as letras que desenhava com a esferográfica sobre a folha branca de papel, já saiam bem melhores do que as da véspera.
E saiam mesmo...
Porque quando nós acreditamos muito até aquilo que parece impossível se converte em coisa fácil.
A professora da Maria partilhou connosco esta história e confirmou que ela está de facto a escrever melhor e está confiante.
Talvez eu ainda não tivesse entendido bem o porquê de ter pegado numa receita de bolachas que a mãe Inácia herdou das tias Maria Teodora e Joaquina Rosa, que prepara em quantidades industriais para os meus sobrinhos João e Luís, e ter montando uma história para onde chamei mais alguns amigos / heróis de Vila Viçosa.
Talvez um escritor nunca entenda muito bem porque é que escreve, até ao instante perfeito em que as suas palavras acrescentam vida à magia dos dias de alguém.

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