Eduardo Lourenço

Foi ontem anunciado o vencedor do Prémio Pessoa 2011, e não posso deixar de me congratular com o facto de ele ser Eduardo Lourenço.
Há muito que me habituei a ler e a ouvir Eduardo Lourenço, desenvolvendo por ele uma enorme admiração com raízes na lucidez, na inteligência e na oportunidade com que este Homem Maior pensa a vida e o mundo em geral, e Portugal, de uma forma muito particular.
Não tenho dúvidas de que aos 88 anos, ele é um dos maiores Portugueses vivos, e por certo o mais importante humanista Português do nosso tempo.
Afirmou o júri do Prémio Pessoa de que estando deprimida por estes tempos a nação lusa, era necessário premiar algo de grande que a ela pertence. E maior e melhor, digo-vos eu, era impossível.
Um dia Eduardo Lourenço retratou assim Portugal:

"Nação pequena que foi maior do que os deuses em geral o permitem, Portugal precisa dessa espécie de delírio manso, desse sonho acordado que, às vezes, se assemelha ao dos videntes (Voyants no sentido de Rimbaud) e, outras, à pura inconsciência, para estar à altura de si mesmo. Poucos povos serão como o nosso tão intimamente quixotescos, quer dizer, tão indistintamente Quixote e Sancho. Quando se sonharam sonhos maiores do que nós, mesmo a parte de Sancho que nos enraíza na realidade está sempre pronta a tomar os moinhos por gigantes. A nossa última aventura quixotesca tirou-nos a venda dos olhos, e a nossa imagem é hoje mais serena e mais harmoniosa que noutras épocas de desvairo o pôde ser. Mas não nos muda os sonhos".

E que nunca esmoreçam os nossos sonhos porque já nos resta muito pouco para além deles.
Há uns anos atrás, Eduardo Lourenço recebeu o prémio Camões e afirmou que os prémios não se agradecem, honram-se.
Mais do que honrar Camões, Pessoa ou qualquer outro prémio, não tenho dúvidas de que Eduardo Lourenço tem honrado e espero que continue a honrar por muitos anos, Portugal e a cultura e a língua Portuguesa.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O MUNDO MAIS BONITO E CONFORTÁVEL NUM TEMPO A CHEIRAR A FLORES

“Quando mal, nunca pior” ou a inexplicável rendição à mediocridade

TESTAMENTO DE UM ANO COMUM