Quando rasgamos a noite e a morte…



Por mais intensa que seja a noite e o silêncio imposto ao toque dos sinos, jamais os pardais da árvore que me beija o parapeito, deixarão de me despertar com o seu canto desde o primeiro indício da madrugada.
E por inspiração desse tom de liberdade me reinvento, que de aleluias o sol tinge a sina de todos os meus dias.
Os lábios que sufocam irremediavelmente as palavras nos beijos de amor, as mãos que galgam o pudor para se entregarem às carícias, os pés que cumprem as vontades, os meus braços… e a alma que é pão e alento de toda esta festa; nada daquilo que somos poderá ter como destino o gélido sentido de um túmulo de pedra.
Nós somos das manhãs e da fé que abandona os sepulcros e os deixa vazios sob as rosas que tecemos em rima com o canto e o voo dos pássaros.
Nós somos da malta de sorrir.
Quando rasgamos a noite e a morte…
Sempre que nos reinventamos e ressuscitamos no alvor da Páscoa de Jesus, aleluia da Terra.
(Nesta Páscoa, o meu sobrinho Luís ofereceu-me este desenho que é muito mais doce do que todas as amêndoas do universo. Os nossos braços aqui desenhados cumprem a ousadia e chegam a todo lado, cumprem o ilimitável tom oferecido pela esperança e pela fé).   

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