A magia de um beijo



A magia de um beijo explicada por palavras ditas ou escritas converte-se bastas vezes num vulgar Manual de Instruções de onde emergem detalhes anátomo-fisiológicos e reacções químicas envolvendo mais ou menos compostos de carbono.
A orgânica… e quem diz um beijo pode também dizer um abraço ou algo mais que nos povoe a vida de ilusão.
À entrada de Coimbra e para quem vem do acesso norte da auto-estrada A1 deparei-me hoje com um motel de nome “A fonte dos amores”.
A “Quinta das Lágrimas” ficou como memória do Século XIV, geográfica e conceptualmente distante de tudo aquilo que ampare os encontros furtivos dos “Dons Pedro” e as “Donas Inês” do nosso tempo; por ali algures no sentido de quem acabou de almoçar no Rui dos Leitões e se dirige ao centro da cidade ainda com o vinho frisante a apoquentar-lhe a garganta.
Rainhas depois de mortas?
Mortas estarão de cansaço no cimo de sapatos daqueles de salto de quinze centímetros que parecem ter sido roubados a alguém à porta do “Finalmente Club”; e o trono também existe e poderá esperar por elas num qualquer programa da TVI apresentado pela Teresa Guilherme.
Assim com o pensamento lembrei-me do meu saudoso professor de Português no liceu de Vila Viçosa, o Padre João de Deus, quando nos explicava a diferença entre o romantismo e o realismo na literatura socorrendo-se de um casal e de uma poça de água.
Alguns dias depois do casamento:
- Oh minha flor vem a meus braços para te poderes ver assim tão bela no espelho que o céu generoso enviou em gotas durante a madrugada.
Trinta anos depois do dito enlace:
- Vê lá onde pões os pés que ainda te vais molhar toda. Oh tonta da mulher…
Romantismo e realismo, Pedro e Inês…
E que nunca apaguemos a inenarrável magia que guardam os beijos.

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