Eu sou corrupto e o Eusébio nunca existiu


Eu, corrupto me confesso, sem pudor e sem qualquer laivo de arrependimento: o equipamento do Benfica que ofereci ao Fábio no natal do ano passado já foi o segundo, reforçando dessa forma o benfiquismo do filho dos meus amigos Manuel e Ana, que não se interessam absolutamente nada por futebol.
É verdade, comprovada corrupção ativa, com a agravante de a praticar em prol de um clube de bairro, de base popular e de gente dita vulgar e adepta do garrafão de vinho.
Eu também sei que o Benfica nunca existiu e que é a maior mentira de Portugal.
Eu sei que todos os nossos títulos em todas as modalidades são injustos e são fruto de uma ilusão sustentada, entre outros, pelo ditador Salazar, que chegou ao ponto de inventar o Eusébio, uma espécie de Padrão dos Descobrimentos que sabia chutar com os dois pés.
Eu sei tudo isso, mas quem poderá ir contra o meu coração?
O amor será sempre irracional e talvez por isso, não tenho quaisquer dúvidas em confessar-vos que se algum juiz um dia nos condenar por comprovada má conduta, eu pagarei cinco vezes mais do que as centenas de Euros que pago hoje para ter o meu lugar no Estádio mais feio e repelente de Portugal, só para poder ir a todos os jogos do campeonato distrital de Lisboa.
Dirão que é loucura e até poderá ser, mas o amor não será ele próprio um desvario?
Certo ou não, sei que aquilo que está no coração morrerá connosco, e que o Benfica só acabará no dia em que sepultarem o último de nós. Se é esse o objetivo de quem nos odeia (e utilizo a expressão de forma consciente), já sabem o que têm a fazer.
Puxem o ácido do cuspo para as vossas “sagradas” mãos e comecem.

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