Viver...


Viver é um compromisso de honestidade de mim para comigo, e tudo o mais são jogos de sombras.
Gosto muito do mês de Setembro porque ele sempre me ensinou a renascer nos cadernos com folhas imaculadas, nos lápis por afiar e nas canetas de feltro ou nos guaches por abrir.
Se um novo ano começa inevitavelmente em Janeiro, tenho sempre a sensação de que a vida nova que ele promete só se cumpre bem mais adiante, em Setembro. E cumpre-se nas palavras novas e nos desenhos conquistados aos diferentes saberes inscritos num horário que reinventa o tempo para nos tornar “sábios” no encalce de novas eras.
O Outono é a minha estação preferida por entre o grito escarlate das romãs e o salto das castanhas, que abandonando o ouriço nos vêm contar histórias as serão.
Dizem que o Outono nos deprime, apagando a luz intensa com que o verão nos beija.
Talvez isso fosse verdade se o sol que importa não fosse coisa que vem de dentro e que espreita a rua pelo olhar, como se ele fosse um postigo.
O Outono devolve-me a atenção para aquilo que trago no peito, para que nada daquilo que eu faça me apanhe desprevenido ou me contradiga, porque viver, já disse e repito, é um compromisso de honestidade de mim para comigo, num percurso único onde os sonhos viajam seguros.

(Os desenhos da foto são da autoria do meu sobrinho Luís Barreiros, que também gosta de viajar com os sonhos ao seu lado, mas sempre bem seguros)

 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O MUNDO MAIS BONITO E CONFORTÁVEL NUM TEMPO A CHEIRAR A FLORES

“Quando mal, nunca pior” ou a inexplicável rendição à mediocridade

TESTAMENTO DE UM ANO COMUM