União Ibérica?

370 anos e um dia depois do 1º de Dezembro mais famoso da nossa história, a FIFA, o organismo que rege o futebol a nível mundial, votou contra a união ibérica, feita na perspectiva de trazer para a “jangada de pedra”, o campeonato das nações, a prova maior do futebol mundial.
Quão conjurados, os senhores da FIFA atiraram pela janela os sonhos dos Vasconcelos do século XXI, que hoje têm nomes como Madaíl ou Sócrates, escolhendo a longínqua Rússia onde hoje proliferam milhões e milionários sempre empenhados em “investir” nesta arte do pontapé na bola.
Apesar de não me ser indiferente a perspectiva de uma meia-final de um campeonato do mundo na minha “catedral”, manda o bom senso que me congratule com esta decisão, considerando até ser ultrajante, esta intenção demonstrada pelo estado, de investir milhões numa prova futebolística, quando tantos milhões faltam para equilibrar as nossas contas e quando a milhões de portugueses são pedidos sacrifícios com real impacto na sua qualidade de vida.
O Euro 2004 aconteceu há muito pouco tempo e temos portanto bem presente que apesar dos dias felizes que então vivemos e que quase colocaram no topo a nossa auto-estima como nação, acarretou o pagamento de uma factura demasiado alta, incompreensivelmente alta.
É inadmissível que um país que tem hospitais e centros de saúde em instalações miseráveis e a prestar serviços miseráveis, tenha gasto milhões a construir estádios fabulosos para acolher dois ou três jogos em 2004, estando agora vazios e sem utilização, implicando em alguns casos um acréscimo de custos para as autarquias que estudam até a possibilidade de proceder à sua implosão, como é o caso de Aveiro.
Mas como continuamos a não aprender com os erros, o Sr. Sócrates e o Sr. Zapatero, esquecendo a sua actual cotação na bolsa de líderes mundiais, que as agências de rating puxaram para baixo na inversa proporção das taxas de juro da divida pública, foram bater à porta de um banquete de onde foram corridos como andrajosos mendigos a tentar entrar na festa de um qualquer palácio real.
E assim saíram pelo tapete vermelho por onde mais tarde entrou o Sr. Putin em gesto de agradecimento à FIFA, por certo comentando um para o outro:
- Teria sido porreiro, pá!

Comentários

  1. Caro amigo Joaquim, as pérolas estão guardadas para os porcos grandes, como é sabido. Desta vez até achei bem, não porque não goste de futebol, mas porque ouvi algo, numa tv, que me colocou mais dúvidas sobre quem anda neste país e quem apenas pensa nos seus próprios umbigos. Ouvi que a possível realização na Península Ibérica teria como custo a não realização em Portugal da Taça Mundial de Golfe (a Ryders Cup), porque não podem ser disputadas ambas no mesmo país, no mesmo ano. Como é que é possível que ninguém tivesse pensado isso cá no burgo? Por ambição desordenada. Eu, que nem gosto de golfe, prefiro que seja esse o campeonato a disputar-se em Portugal, até porque economicamente responderá por certo de modo mais concreto para os portugueses, porque o turismo do golfe é muito mais rico que o do futebol, e mais duradouro. Há males que vêem por bem, diz o povo com razão. Se a Ryders Cup vier para cá em 2018, vai ser porreiro, pá! Um abraço.

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