Velha Europa

São 11 horas da manhã de um domingo solarengo em Roma e eu estou com os meus companheiros de viagem no bar do hotel.
Falamos em Inglês com o empregado que nos serve um excelente café Italiano e descobrimos que se trata de um Romeno emigrado. Abordamos a situação em Portugal e na Roménia e fixamo-nos nas raízes comuns das nossas línguas.
Pago os cafés com Euros que tinha levantado numa máquina Multibanco no Porto.
Seguimos para o aeroporto e até entrar no avião que nos trará de regresso a Portugal, apenas mostro a identificação por uma vez e só para provar que eu sou o mesmo cujo nome consta do bilhete.
No aeroporto comprei o jornal Espanhol El Pais e é em Espanhol que actualizo as notícias de fim-de-semana enquanto o avião me traz de volta a Portugal, onde desembarco e saio do aeroporto sem que alguém me pergunte quem sou.
No jornal fala-se do patrão do FMI e dos seus devaneios de âmbito afectivo-sexual num hotel de Manhatan, discute-se a possível gravidez da primeira-dama Francesa referindo-se que a mesma se enquadra numa estratégia eleitoral para a reeleição do marido e analisam-se mais uma vez os considerandos feitos pela chanceler da Alemanha sobre os períodos de férias nos países da União Europeia.
Sinto o contraste.
Saboreio o doce de uma Europa sem fronteiras, com uma lógica e legítima diversidade cultural, mas assente na raiz comum da democracia e dos seus valores, uma Europa sonhada por Homens grandes no carácter, na ambição para os seus povos e na visão que lhes permitia ver para além do óbvio.
Provo o gosto amargo da dúvida quanto à sustentação desta mesma Europa, os muitos porquês quanto ao futuro, sabendo que se a União falhar, tal se deverá ao facto de estarmos a ser governados por gente que em termos de carácter, está nos antípodas dos arquitectos que a idealizaram e construíram.
Os líderes Europeus da geração “Porreiro Pá” têm para o futuro uma visão limitada, sendo apenas e só artífices de carreiras políticas, pretendendo a conquista do poder e a sua manutenção durante o maior tempo possível. Tudo, sempre e só, para proveito próprio.
A mediocridade está a vencer os valores.
Está a morrer o humanismo da velha Europa.

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