O Rei Mono e o Senhor Sempre-em-pé

No cardápio de políticos da nossa terra, confesso-vos que há dois nomes pelos quais não nutro a menor das simpatias e a quem jamais daria o meu voto em qualquer eleição: Jardim e Santana.
Na forma, no conteúdo, no percurso e no estilo, estão ambos nos antípodas do que eu considero um estadista, não lhe reconhecendo perfil e mérito para poderem gerir ou liderar alguma causa ou instituição.
O primeiro é o populismo na sua máxima expressão em terras lusitanas.
Com túneis, pontes, auto-estradas e muita verborreia, tem ao longo de anos disfarçado uma gestão que sobrevive à custa de um anormal suporte financeiro dado pelo poder central, sempre com a desculpa de se estar a ajudar à inclusão de uma região periférica, o mesmo poder central com o qual Jardim luta todos os dias, fazendo-o papão e desgraça, numa vergonhosa atitude de quem despreza a mão que lhe dá de comer.
Não tenho nada contra apoios extraordinários e acho que a insularidade deve merecer uma atenção especial por quem está no poder, mas por favor com regras e sobretudo com respeito pelos milhões de outros Portugueses que não estando rodeados por água, estão isolados por quilómetros de indiferença e esquecimento. Um Português de Bragança é em direitos e deveres, igual a um cidadão de Porto Moniz ou da Ponta da Sol.
E depois há que não esquecer que autonomia, a tão apregoada e desejada autonomia da qual Jardim se apresenta como herói, conceptualmente, implica maior responsabilidade e independência.
Para além disso e porque considero válido o principio de que à mulher de César não basta ser, mas também é preciso parecer, jamais gostaria de ser liderado por um individuo que desfila em corsos de Carnaval e que até já se deixou fotografar em cuecas aquando da troca de roupa para poder alinhar nos cortejos do rei mono.
Santana é o oposto de Jardim porque jamais se eternizou em algum cargo e eterna tem apenas a sua inconstância.
Deputado europeu sem história, secretário de estado da cultura em mandato de equívocos de palas de estádios e concertos para violino de Chopin, presidente do Sporting sem ser campeão, presidente da Câmara da Figueira da Foz e de Lisboa, com túneis e casino mas sem Gehry e Parque Mayer, primeiro-ministro com mandato errante e de governo de caos total, líder do PSD com a maior derrota de sempre em legislativas…
É este o percurso de um homem que parece ter nascido apenas e só para povoar palanques de congressos, écrans de televisão e discussões polémicas.
E para além do dom da palavra e do discurso, reconheça-se este mérito que carrega de atravessar o deserto sempre em tempo record pois quando mal se pensa que está acabado por alguma má experiência, logo e rapidamente ele aparece em mais alguma função ou aventura.
Muito se tem falado de Jardim e Santana nos últimos dias. O primeiro pela terrível situação financeira da Madeira e o segundo pela nomeação para Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Em tempos de austeridade rigorosa e quando todos estamos a ver os cintos apertados de forma impensável para compensar os muitos anos de má gestão de quem passou pelo poder, o mínimo que se exige ao governo da República é de que não facilite em nada no grau de exigência para com a Madeira, o seu governo e o seu presidente, e por favor não nomeiem para instituições respeitadas e que exigem respeito, aqueles mesmos que um dia passaram pelo governo da nossa terra e contribuíram para nos fazer chegar até aqui onde estamos.
A credibilidade da política estará sempre dependente da credibilidade dos seus intérpretes, e, de Jardim e Santana, não queremos mais nada, muito obrigado.

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