Mãe... e tanto Maio


Quando o primeiro sol de Maio incendiar a encosta do monte a ouro tom de giestas maduras, eu devolver-me-ei ao teu colo, o meu muito privado e infinito refúgio de carícias.
Entre nós permanecerá sempre acendida em flores e frutos, uma generosa primavera, por entre os gestos suaves e as palavras doces que o teu olhar realça sobre o silêncio, detalhes que me pespontam os dias deste amor que me tece.
O teu olhar prolonga o ventre e o berço, confunde-me na idade, dilui as estações, apaga as dores, é mestre de vida, alento nos caminhos…
E mesmo que o vento às vezes apague o risco rubro informal das papoilas que beijam a seara sobre a cumplicidade ao longe das giestas, eu faço desse teu olhar um alpendre daqueles com tectos perfeitos e de flores para brincar à sua sombra, onde tomarei na pele e na boca os aromas todos da terra, sendo por ti o rei do universo.
E de dentro deste amor é tão difícil acreditar que possa existir outro céu, mãe.

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