Somos eternos cúmplices e irmãos de todas as flores de entre Abril e Maio…



A poesia não se rende e por isso o nosso sonho persistirá sobre todas as manhãs de Outono, mesmo as mais sombrias.
Quando acreditámos que os muros ruíam e as suas pedras desgastadas morreriam envoltas pela erva de milénios, quando estreitámos o mar na agonia das fronteiras, quando esquecemos os detalhes e nos demos as mãos… cumpríamo-nos pelo compromisso com a liberdade que a alma nos “impunha”.
Fomos cúmplices e irmãos de todas as flores de entre Abril e Maio.
Mas, distraídos, esquecemo-nos que o tempo desenha circunferências moldando a História, e que breve chegaríamos a este dia em que as pedras saltam para novos muros, os Homens morrem afogados na areia fria das novas fronteiras, e até Deus ganha novamente uma perspectiva bélica de cruzadas sem fim e outros “santos ofícios”.
Foram os políticos que desceram até ao circo e se misturaram com os “palhaços”, ajudados por nós que os camuflámos por via da crença e da ideologia.
Inventámos desculpas para os desonestos, idolatrámos os medíocres, tolerámos muito facilmente os imbecis e os incompetentes… demasiado e até ao ponto em que todos são igualmente maus.
Valham-nos então e sempre a poesia e a fé.
Corramos descalços sentindo o toque da terra e das ervas molhadas, de encontro aos beijos que quisermos dar; calemos as pedras que nos devolvem aos guetos onde o superficial divide e mata a mais doce essência da alma, o amor.
Os nossos corpos nasceram para lutar descansando mais tarde nos abraços.
O nosso canto tem raízes de primavera e tom de cravo, de liberdade.
Vivamos e apaixonemo-nos, sabendo que viver é não deixar que alguém um dia nos desmanche o sonho… por mais que nos pareçam sombrias as manhãs de Novembro.

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