Nada acontece por acaso

Num curso de formação de magistrados a decorrer no Centro de Estudos Judiciários, todos os 137 alunos matriculados foram apanhados a copiar num exame.
Nesta situação em que seria “justo” e razoável a anulação do teste e a realização de um outro, a direcção do Centro resolveu atribuir a todos a nota de dez valores, afirmando não encontrar uma segunda data para que essa repetição ocorresse.
Numa instituição em que são formados agentes da justiça, a desonestidade é premiada com nota positiva, embora no seu limite inferior.
Excelente treino para o futuro no exercício da profissão.
Se os cábulas continuassem ainda hoje a ser brindados com um zero e com a anulação das suas provas, talvez aprendessem mais facilmente a distinguir o bem do mal e a separar o que está certo do que está errado, contribuindo dessa forma para um mundo onde imperassem valores como a honestidade, a justiça e a verdade, em suma tudo aquilo que constitui a grandeza e a nobreza de carácter.
E neste caso talvez ganhassem também legitimidade para julgar os outros porque quem julga e quem pune com base nesse julgamento, deverá sempre cultivar a exigência nos seus comportamentos. Se não o faz, alguém lhe deveria ensinar a faze-lo.
Ainda haverá quem afirme não saber porque vai mal a Justiça em Portugal?

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