Poder pelo terror


Há onze anos, ao começo da tarde de 11 de Setembro, parei no hall de um hotel em Berlim para assistir em directo pela televisão, à queda das torres gémeas do World Trade Center de Nova Iorque.
E logo em Berlim…
Se no começo da última década do Século XX se sonhou na cidade reunificada com a queda de todos os muros e com uma herança de paz para os anos de dois mil, esse terrível amanhecer de Manhatan, cedo no Século XXI, nos transportou para o território dos pesadelos e nos matou a esperança.
Pior do que alguma vez se ousou imaginar, a guerra chega de forma inesperada e atinge e mata inocentes em actividades tão simples como uma viagem de avião ou uma chegada ao escritório.
E mata aos milhares, e diz-se, que em nome de Deus.
Jamais compreenderei as guerras de motivação religiosa.
As religiões, por influência da cultura, são expressões diferentes do essencial que é a fé, e nesse essencial que a todos une, o Deus em que acreditamos, exprime-se pela vida de todos os Homens que habitam a superfície da Terra.
Matar um Homem é matar Deus e renegar a própria fé.
O problema é que o essencial e o que move o mundo, não é Deus e é sempre e só a ânsia pelo poder, sendo as religiões e os extremismos fundamentalistas, utilizados como campo de recrutamento de “guerreiros” fiéis para a conquista do domínio económico e político.
O 11 de Setembro de 2001, mais do que um dia terrível da história recente da humanidade, é um símbolo muito marcado das guerras do nosso tempo, as lutas cegas pelo poder.
As vítimas do 11 de Setembro de 2001, juntam-se às vítimas da Estação de Atocha, aos mortos da Faixa de Gaza, aos civis inocentes mortos no Iraque, e tantos outros pelo mundo fora, como os mártires do nosso tempo.
E convém não esquecer que não só com explosivos se pratica o terrorismo e se matam inocentes.
Os “mísseis económicos” e de destruição cega lançados pelos mercados financeiros sobre os países mais débeis da União Europeia, que secam o Estado Social e matam as formas de apoio às populações, sobretudo as mais desfavorecidas, são um terrorismo sem armamento mas altamente eficaz.
Não há pois latitudes ou fronteiras que separem inocentes e culpados. Não há zonas isentas de responsabilidade nesta guerra que só acabará no dia em que devolvermos a este tempo os valores da liberdade, da solidariedade e sobretudo do respeito pela vida do Homem.
Então haverá paz e só então falaremos do 11 de Setembro como passado.
Eu alimento essa fé.

Comentários

  1. Parabens
    Mas o dia 11 de SETEMBRO vai ficar para sempre na historia
    RUI PEREIRA

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  2. 11 DE SETEMBRO VAI FICAR PARA SEMPRE NA HISTORIA
    RUI PEREIRA

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