Lutas fratricidas em tempos de “laboráveis cincos de Outubro”

É interessante constatar que na vida, e em algumas circunstâncias muito próprias, as situações de vitória e de derrota, que parecem opor-se diametralmente, acabam por ter exactamente as mesmas consequências e motivar o mesmo tipo de comportamentos.
Estas situações acontecem habitualmente em “jogos” disputados por equipas que não o são verdadeiramente pois no seu seio emergem as individualidades de cada “jogador”, que mesmo quando têm que marcar golos numa única baliza, têm como prioridade serem eles a marcá-los para poderem ganhar sempre o título de “homem do jogo”, o tal da melhor exibição.
Depois das recentes eleições autárquicas não estranhei o ambiente tenso no interior do PSD, a caça às bruxas e o aproveitar do momento de fragilidade de quem detém o poder. É normal que assim aconteça perante as derrotas.
Mas, e no interior do PS?
De dentro do grande vencedor das autárquicas, António Costa, o homem que obteve melhor resultado em Lisboa do que o partido no seu todo à escala nacional, afirmou ontem na SIC Notícias que o PS tem ainda um longo caminho a percorrer, não estando pois preparado para assumir o poder. Alimenta assim e mais uma vez a guerra surda (e às vezes, muda) que vem mantendo com Seguro.
É a guerra pelo título de “homem do jogo” no fim da partida que disputaram e ganharam.
Este fenómeno que importa comportamentos do desporto para o seio da política, tem raízes no facto de a solidariedade ser um triste conjunto vazio quando falamos de poder e glória porque no espaço no primeiro lugar do pódio é sempre demasiado curto para que lá possam coexistir duas criaturas.
E se isto acontece ao nível dos partidos porque é que estes agentes iriam munir-se de boas intenções na hora de administrar os bens e a causa pública?
Se não são capazes de administrar convenientemente e entender-se dentro da sua própria casa, porque razão iriam conseguir gerir todo o condomínio e as zonas ajardinadas adjacentes?
Nada acontece por acaso e cá estamos nós para, percentagem a percentagem dos nossos pequenos salários, irmos equilibrando as contas públicas.
E amanhã, dia 5 de Outubro, não fosse sábado e pela primeira vez desde que me conheço, todos iríamos abdicar das comemorações da implantação da República para ajudar a minorar o deficit, numa daquelas medidas que tem tanto impacto no orçamento como uma colher de chá de limão no tratamento de uma tuberculose.
Por acaso, não só pela implantação da República, mas também porque foi em 5 de Outubro de 1143 que na Conferência de Zamora, o Rei Afonso VII de Castela reconheceu a independência de Portugal, esta até é a data mais importante da História de Portugal.
Mas isso não interessa nada.
Agora.
Já lá vai o tempo em que os Homens lutavam pelas causas que envolviam o bem-estar dos seus semelhantes, muito mais do que apenas e só, por causa de si próprios.

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