Zumba 0 – GAP 1

No inicio dos anos noventa, na altura em que eu trabalhei numa farmácia, Zumba era a marca comercial de um produto destinado a melhorar a performance sexual masculina. Rivalizava com o HiperSex, produto que eu aconselhava mais vezes porque sempre tinha um nome que oferecia mais credibilidade que o concorrente, inevitavelmente associado ao “Zumba na Caneca” da inesquecível “Menina do Alto da Serra”, a Tonicha.
Recentemente fiquei a saber que Zumba é também uma especialidade desportiva que entusiasma muitas das minhas amigas na sua luta diária contra a celulite, a obesidade e os seus derivados, alguns de natureza psicossomática; e na recuperação da boa forma. E digo amigas porque na turma que frequentam não existe nenhum homem, apesar dos árduos esforços para conseguirem que tal aconteça.
Ontem convidaram-me para entrar na “dança” mas eu recusei como medida profiláctica de situações do género:
- Olá Joaquim, de onde vens?
- Olá, venho do Zumba.
Não me soa bem.
É um pouco ao jeito de “venho do Pimba” e já tenho piadas e riso de sobra quando digo que me chamo “Quim Barreiros”.
Mas se a minha decisão se apoiou apenas em critérios musicais, fiquei hoje a saber à hora do café que esta especialidade perde em eficácia para a GAP, que aqui também não se refere a qualquer marca americana de roupa (a Zara dos americanos que as tias de Cascais vestem por cá como se fosse super chique), mas sim a uma outra especialidade desportiva, sendo como é a abreviatura de “Glúteos, Abdominais e Pernas”.
E a colega que defendia a GAP ganhou em argumentos à colega do Zumba, embora uma vitória tangencial ao estilo de Jorge Jesus na nova versão 2013-2014 e por sobre a suspeita de doping pois ficou comprovado que ingere diariamente litros de um preparado à base de melancia, café verde sem cafeína, Garcinia e Cambodja, o que a faz verter mais líquidos do que um funil roto.
O esgrimir de opiniões até poderia ter chegado à goleada mas o jogo foi interrompido aquando da chegada de uma outra amiga que resolveu explicar a um outro, as vantagens da recolha automática do leite versus a recolha feita à mão.
Para os devidos efeitos sempre esclareço que este amigo foi pai recentemente e se referiam à recolha do leite materno para dar à criança.
Mas o que importa é que a GAP ganhou e eu tenho agora argumentos sérios e científicos para não escolher a tão desconfortável disciplina de Zumba.
Há dias assim, ao jeito do telejornal de ontem que noticiou os argumentos do Ministro dos Negócios Estrangeiros que se foi defender no Parlamento através da leitura de um texto escrito tendo acabado a discutir a sua honra com uma vergonhosa ligeireza como se de uma discussão de Zumba ou GAP se tratasse (e com doping SLN); em que foram noticiados os cortes nos salários e nas pensões que se anunciam para 2014, e a noticia que refere que os sindicalistas da CGTP estão muito empenhados em reivindicar que a sua marcha de revolta possa atravessar a Ponte 25 de Abril, como se esta manifestação ao jeito de Mini-maratona mas sem patrocínio de marcas desportivas fosse o problema nuclear do país.
Talvez seja culpa deste prolongado período de verão, na minha terra designado por “Verão dos Marmelos”, que irrompeu aqui pelo nosso Outono e abriu uma janela de “Silly Season”, ou “Estação Tonta” se preferirmos a língua de Camões.
Mas se este impacto do sol intenso nas moleirinhas já calibradas para o tempo nublado de Outono, não tem importância nenhuma quando nos referimos a uma reunião de amigos durante dez minutos em torno da bica matinal, já no que se refere a BPN’s, Diplomacia, Parlamentos e afins, a coisa é um pouco mais séria.
No entanto, como todas estas diferenças estão esbatidas, e tudo parece alinhado com o non-sense da brincadeira, sempre ganho legitimidade para afirmar que andam a brincar connosco em coisas muito sérias, não sendo de estranhar que brevemente os Glúteos, os Abdominais e as Pernas voltem à “boa forma” pela falta de verba para a ingestão de “substâncias pecaminosas”, leia-se alimentos básicos e calóricos, a mesma carência que restituirá o Zumba ao âmbito restrito da Tonicha já que até a aplicação terapêutica deixa de fazer sentido com tanta gente a… lixar-nos, e a tirar-nos o leite desta forma tão inconstitucionalmente automática e dolorosa.

Comentários

  1. Realmente as coisas não se resolvem num paralelipidedo de metal. Talvez por isso me abstenha de ir além, nos comentários que faço. Sou mais adepto de presenças fisicas, o mais naturais possivel, sem descurar... a essência. E é sempre bom revisitar o passado e encontrar Grandes amigos desejar-lhes, um muito bom dia e...felicidades.

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