Foi Natal…

E pronto… foi Natal.
Se é que para tal existem dias específicos.
O certo é que a pretexto de celebrar o nascimento de Cristo, nos reunimos em família à volta da mesa aquecida pela braseira para aí comermos o bacalhau com couves, o peru assado, a carne do alguidar temperada com pimentão vermelho, as filhós, as azevias, os nógados, o chocolate quente (infelizmente tivemos de inventar pois já não encontrámos a habitual mistura da Pérola Calipolense) e um bom tinto da nossa vizinha Adega de Borba; conversámos muito e voltámos a lembrar as histórias de outros Natais com a minha mãe a recordar aquele de há muitos anos em que recebeu uma boneca de cartão demasiado estática porque tinha as pernas coladas, e de como ficou triste com o facto; abrimos os presentes junto ao presépio mas só depois de o meu sobrinho João me ter perguntado se nas minhas conversas muito próximas com o Pai Natal eu tinha conseguido saber se todos os desejos da sua carta tinham sido satisfeitos, e que alegria quando descobriu que o microscópio até trazia em anexo um mostruário com pêlos de vários animais para ele lhe conhecer e diferenciar a textura…
Eu juntei mais quatro presépios para a minha colecção.
Voltei a Vila Viçosa, a minha eterna “casa”, beneficiando do conforto dos amigos que por aqui estão sempre à distância de poucos passos para uma boa conversa de um par de horas daquelas que permitem a actualização do “ficheiro dos amigos”…ou então apenas para um café…
Apesar da chuva e do frio, ou não fosse assim o Dezembro no Alentejo, não nos quedámos em casa e fomos até ao Castelo para a missa de Natal na Igreja da Senhora da Conceição. O dia pedia o capote e com ele fomos beijar o menino Jesus. O padre disse na homilia que o Verbo deveria ter encarnado em Extraterrestres, tal a ingratidão dos Homens para com Jesus de Nazaré, mas nós desculpamo-lo pois com este frio qualquer um perde a inspiração. No entanto, depois de termos apanhado tanto frio para chegar à missa, esta conversa…
Fiz embrulhos, quebrei a dieta que a minha Diabetes impõe, vi a “Música no Coração”, recebi e enviei dezenas de mensagens escritas, visitei tias, tios, primos e amigos, coloquei no carro o meu CD favorito com músicas de Natal (Do they know it’s Christmas, Last Christmas, etc), escrevi um conto e um poema de Natal…
E ofereci agora a mim próprio este prolongar da estadia no Alentejo para que desde aqui e até 2014 possa consumir todas as iguarias que entre o frigorífico e a mesa nos enchem a casa, numa directa “trasfega” para o peso que a balança não nega.
Foi, definitivamente, Natal.
Não é que não seja Natal todos os dias, poderá sê-lo, mas na azáfama em que andamos é mesmo necessário que o calendário (da fé ou tão-só o calendário civil) nos empurre para estes dias em que os afectos andam à solta nas mensagens, nas conversas, em tudo e até nas azevias… e o amor celebra-se sem o pudor que muitas vezes o coloca nos territórios da pieguice.
Por mim continua a ser a época do ano que eu mais gosto de viver…
E duvido que qualquer extraterrestre pudesse celebrar o Natal melhor do que eu.

Comentários

  1. Excelente como vai sendo hábito.
    Fco a saber que temos algo mais em comum - a diabetes...

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