Nós somos filhos e detalhes do sol...



Sempre que chegava a primavera e as papoilas tingiam ousadas e rebeldes o chão verde do Alentejo, nunca resistíamos a tomar nas mãos uma cápsula ainda por “rasgar”:
- Frade ou freira?
E as pétalas amarrotadas no exíguo espaço onde até aí viviam revelavam-se “freira” se tivessem ainda um tom rosado, ou seriam “frade” se de vermelho “explodissem” nas nossas mãos.
Havia um vencedor e um derrotado ali algures entre o canto feliz de uma roda, o jogo da macaca, o macaquinho do Chinês, as escondidas, o lencinho, o pilha três…
As pétalas ficavam depois a estender-se ao sol da seara enquanto nós crescíamos em liberdade “riscando” as madrugadas com tantas… com todas as nossas cores.
“Frade”, “freira”, vermelho, rosa…
Pouco importa se havia ou não um vencedor. Estávamos apenas a brincar.
O sol quando espreita pelas nuvens faz nascer um arco que não esquece qualquer cor.
Nós somos filhos e detalhes do sol.
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