Biologia, amor, sensibilidade e bom senso.


A Assembleia da República aprovou hoje um projecto de lei do Partido Socialista que possibilita a co-adopção por casais constituídos por pessoas do mesmo sexo.
Mais do que o activismo em redor da legítima igualdade de direitos que há muito está inscrita na Constituição da República, foram as crianças que saíram vencedoras em todo este processo que rompeu as barreiras ideológicas entre as diferentes bancadas.
É inconcebível que as crianças “cresçam” em instituições e no seio de famílias disfuncionais que tantas vezes as maltratam, existindo uma infindável lista de casais que tendo manifestado interesse para a adopção e tendo já provado ter condições para o fazer, esperam longamente pelo desfilar da burocracia de um processo que se centra mais nele próprio do que nos interesses das crianças.
As sempre difíceis e incompreensíveis teias da lei.
Tenho um elevadíssimo respeito pelas instituições que acolhem e cuidam de crianças, admiro o trabalho dos profissionais e dos voluntários que nelas trabalham e entendo que é injusto generalizar os episódios como os da pedofilia na Casa Pia, mas havendo condições para que uma criança viva no seio de uma família, tal deverá ser colocado como prioridade.
Tenho o privilegio de entre o meu grupo de amigos ter casais que adoptaram crianças que vivem hoje num perfeito contexto de família provando que o amor quando existe e é enorme, até consegue vencer a biologia e a genética.
Também não me choca que a adopção seja concretizada no contexto de uma família monoparental. Conheço pessoas que vivendo assumidamente sós são fantásticos pais e mães em potência
E casais do mesmo sexo?
A família, indiscutível célula mater da Sociedade, é um espaço de amor e não um modelo e uma estrutura rígida na forma da sua constituição.
Duas pessoas do mesmo sexo num contexto de amor são um “espaço” que poderá beneficiar enormemente o desenvolvimento de uma criança.
A prova de que a forma e o modelo contam pouco está nos casais de homem e mulher que todos conhecemos e que jamais conseguem provar ter condições para acolher ou até criar os seus próprios filhos.
Em todos os casos e com o recurso a profissionais habilitados e competentes, é fundamental que o Estado garanta as condições para o salutar desenvolvimento de uma criança.
Reforço, é a criança que deverá contar sempre e sobrepor-se a todas as ideologias e crenças.
Porque não interessa só defender o feto, também é necessário garantir o afecto.

Comentários

  1. Meu bom amigo.

    Bravo e dizes tudo de uma forma certeira.
    Concordo em pleno com tudo e alinho pelo mesmo pensamento.

    Com um abraço.

    AR

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