Grandes egos siameses e o abortar das vitórias


Nesta primavera nacional que finalmente parece querer encher-nos do melhor sol, atirando-nos em glória para os longos areais da beira Atlântico, há duas personalidades que indiscutivelmente emergem do nosso quotidiano pátrio, aquele que todos os dias alimenta as notícias e aparece estampado nas páginas dos jornais: Jorge Jesus e Vítor Gaspar.
Para além de unidos pelo deficitário aporte de beleza com que ambos foram brindados pelo criador (o Treinador do Benfica está cada vez mais parecido com a Duquesa da Cornualha, Camila, enquanto o Ministro das Finanças é uma versão de Mister Bean com olheiras) estes dois seres muito dados a conferências de imprensa onde se exibem de forma muito generosa para com os cómicos e os imitadores, enfermam de uma estranha patologia que os faz confundir as marcas do caminho com o local de chegada, os sinais de trânsito com o estacionamento no destino da viagem.
No futebol, de pouco importa bater os recordes de invencibilidade e as médias de golo jogo a jogo, se no final do campeonato quando chegarmos à meta, já outros lá chegaram bem antes de nós.
Só um vence e o estatuto de vencedor só se define no final de uma prova. Tudo o mais é refresco para ajudar a chegar ao fim.
Nas finanças, é importante poder voltar aos mercados, celebrar o facto de termos sido brindados com uma excelente procura (com juros de 5,5% eu também lá ia para investir forte), mas de que serve isso se o país se afunda num número “pornográfico” de desempregados e se o ajuste financeiro é feito à custa de cortes indecentes nas pensões já de si tantas vezes miseráveis que os trabalhadores de ontem recebem no presente, bem longe das expectativas com que fizeram os seus descontos.
Mais uma vez, importa o ponto de chegada, e no que às finanças públicas e à economia diz respeito, salta à vista que quando chegarmos ao equilíbrio (se lá chegarmos, e se sim, por certo que mortos de fome) já a Senhora Merkel lá estará para nos impor a perda de autonomia com que sonha no seu dream of life de dominar a Europa à qual não pára de recomendar austeridade.
As razões para este comportamento anómalo de Jesus e Gaspar poderão ser várias englobando fantásticas auto-estimas, egos super desenvolvidos. E a quem muito olha para o umbigo resta pouco tempo e disponibilidade visual para olhar para a meta e sobretudo para poder definir as melhores condições para vencer.
Porque assim e pelo caminho que levamos, Jesus acabará sempre ajoelhado no relvado do Dragão e Gaspar colocar-nos-á a todos ajoelhados em Fátima a pedir Saúde, Trabalho e… o fim de todas as crises na órbita de um milagre demasiado impossível.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O MUNDO MAIS BONITO E CONFORTÁVEL NUM TEMPO A CHEIRAR A FLORES

“Quando mal, nunca pior” ou a inexplicável rendição à mediocridade

TESTAMENTO DE UM ANO COMUM