O “amori”

A partir da afirmação do actor Michael Douglas que relacionou o cancro da garganta de que padece com a excessiva prática de sexo oral, o que desde logo é um claro indício para o tipo de flora microbiana que habita as partes mais íntimas da Mrs. Zeta-Jones, a conversa na roda dos amigos levou-nos para a descoberta das vantagens do amor e de todas as práticas associadas à sua vivência, quer seja no âmbito de uma expressão física ou então de natureza mais metafísica.
Talvez por eu ser alentejano e também porque o amor vivido com as cumplicidades da planície tem sempre um sabor “especiali” e com muito tempo para ser devidamente saboreado, sigo o conselho da minha caríssima amiga Célia e sonorizo o tema com o sotaque da minha terra chamando-lhe “Amori”.
Registo desde logo a atrapalhação que o tema criou na maioria dos presentes e a dificuldade expressa por muitos em apresentar nem que fosse apenas uma vantagem. Românticos como são, recuso-me a acreditar que tal se deveu ao reconhecimento da ausência de quaisquer vantagens, acreditando antes que são tantas as vantagens, que se torna difícil apresentar uma só.
E pensando assim, sou eu que acabo como oficialmente romântico.
Assim, com o aporte de muitos, aqui vão algumas vantagens do “amori”:
- Perda de peso (o amor e a paixão martirizam a alma e queimam calorias, para além de que com a boca ocupada com beijos, sobra menos tempo para comer);
- Saúde cardiovascular e menor propensão para enfartes (não especificaram as fases em que tal acontece pois a partir de certa altura garanto que o “amori” também vira factor de risco, e dos grandes);
- Adia-se a utilização de anti-depressivos (mas o que se ganha em tempo perde-se com as doses que duplicam sempre nas fases finais do ocaso do “amori”);
- Melhor pele (até porque para o apaixonado as verrugas do outro viram sempre sinais que oferecem algum charme à expressão);
- Colocação de um eterno sorriso na face embora com alguma carga de patetice (até na fila do pagamento das Finanças se consegue descobrir um apaixonado);
- Os outros problemas deixam de existir porque só nos concentramos no “amori” (ao jeito de: martela um dedo e vais ver que esqueces a dor de dentes);
- Visão ampliada (quaisquer doze centímetros passam a vinte no fugaz instante de uma paixão);
- Criatividade e generosidade (não há defeito que não vire uma componente graciosa da perfeição);
- Benefícios fiscais em sede de IRS (O Vítor Gaspar que não me leia isto porque ainda poderá ter a tentação de taxar o “amori”);
- Uma ecológica poupança de água (toma-se duche na mesma cabine e come e bebe-se do mesmo prato);
- Poupa-se uma assoalhada (numa primeira fase o ressonar do(a) parceiro(a) até soa a música) e em qualquer hotel o custo de um quarto duplo é sempre mais baixo do que o de dois quartos single.
Não sei se é legitimo brincar assim com o amor mas até as coisas mais sérias da vida ganham uma outra cor quando são encaradas com alguma dose de humor.
À séria, com ou sem sotaque e juntando o contributo da Mónica e da Júlia, direi que o “amori”, para além de tudo o que já dissemos, é de facto um alegre despertar para um dia cheio de futuro.
E pelo amor se fazem coisas incríveis como por exemplo trocar algumas noites no hotel de sete estrelas “Burj al Arab” por outro poiso mais modesto mas que beneficie da presença do “amor”. Afinal o que são as estrelas de hotel quando comparadas com a estrela única que pelo coração elegemos para nos alumiar a vida.

Não é verdade, César?

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