Dinastia ao jeito de Dallas no imparável “Cagarra” Crest

Nas terras do seu “império”, o velho patriarca há muito se refugiara no seu sumptuoso palácio.
Entregue aos netos a gestão do feudo, limitava-se o avô a alguns passeios lúdicos pelos recantos mais exóticos da propriedade enquanto a mulher se refugiava em orações e preces na capela, e, de vez em quando, mais por hábito do que por lucidez, geralmente em datas importantes e festivas, ia o “venerável” ancião olhando para as contas e resultados da administração promovida pelos netos.
Num belo dia de verão, o neto mais novo, atraído pela luxúria e pela boa vida, aproveitou como pretexto a nomeação de uma nova contabilista recrutada pelo irmão e anunciou o abandono da administração do “império” colocando em risco o poder colegial que exercia com o “mano”, que foi desde logo acordar o avô, retirando-o do sono e da letargia da sua reforma dourada.
E enquanto o velho aquecia o cérebro já demasiado habituado ao descanso, para que pudesse articular algum mínimo pensamento, no silêncio dos seus apartamentos apalaçados, os dois netos resolveram organizar-se e entender-se para que o poder não lhes fugisse e para que o mais novo conseguisse conciliar tudo com a tão ambicionada luxúria e boa vida.
Quando apresentaram a solução ao “adormecido” avô este já tinha resolvido castigá-los, ameaçando-os com o papão da terrível perda da herança e tendo inclusive chamado à baila um bastardo, obrigando-os a todos a um esforço suplementar para acertarem um pretenso acordo de partilha de poder e responsabilidade, algo muito pouco provável de conseguir dadas as enormes divergências familiares.
Mas, os castigos dos avós para com os seus netos são em geral muito ligeiros, enfermam de uma excessiva tolerância e permissividade, e duram sempre no máximo uma semana. Efectivamente, estes “papões” são sempre e só um susto… e os netos acabam invariavelmente por fazer tudo o que lhes saiu da vontade.
Assim aconteceu até porque nestes “argumentos” o pecado mora sempre ao lado e os intérpretes… são todos bons rapazes.
O avô regressou ao silêncio da reforma depois de obrigar os descendentes a um abraço público de “confiança” e lealdade familiar, o bastardo regressou ao seu estatuto de pretendente à herança, os seus netos legítimos mantiveram o poder, o pródigo neto mais novo recebeu a pretendida luxúria feita de “ferraris” e novos palácios que comprova que nestas histórias, o crime, definitivamente, tem elevadíssimas compensações e…
Falta apenas referir que os trabalhadores do “império” verão adaptados os seus salários, benesses e encargos de forma a sustentarem a boa imagem e pretensa saúde financeira do feudo.
Mas isso não interessa nada e é verdadeiramente satélite ao essencial do argumento desta história de poder.
Entretanto, a avó continuará a rezar.
Qualquer semelhança desta história com pessoas e factos ocorridos em Portugal nos últimos tempos será a mais pura coincidência.  

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