Como se numa caneca de leite azedo o mais importante fosse a forma da porcelana


Eu não sou filiado em nenhum partido político, não tenho sequer uma fiel simpatia por qualquer agremiação de natureza partidária.
Eu nunca me abstive numas eleições e reconheço o valor que os partidos políticos têm no contexto do funcionamento da democracia. Voto em consciência naquilo e naqueles que num determinado momento me parecem melhor opção para governar o meu país.
Eu nunca me filiarei num partido político, já o sabia há muito mas reforcei a minha convicção.
Nos últimos dias, mais do que o incómodo de um ex-primeiro ministro preso, choca-me a ridícula defesa fiel e cega do indivíduo feita por gente que considero honesta e intelectualmente superior.
Com a liberdade entrincheirada nas masmorras das fidelidades partidárias e políticas, consegue até apelar-se à justiça, ferindo-a simultaneamente de morte, desprezando-a; uma vez que o apelo é sempre feito no sentido do reconhecimento da inocência, e isso é abrir-lhes os olhos que devem permanecer cegos, ensinando-lhe o caminho num determinado e muito específico sentido.
É como se a justiça fosse algo importante mas só até à porta da "nossa" casa, onde o cartão de militante tem o valor de um registo criminal limpo.
E foge-se do essencial, como se numa caneca de leite azedo o mais importante fosse a forma da porcelana.
Eu não condeno ou declaro inocente o senhor ex-primeiro-ministro. A justiça que o faça.
Eu prezo muito a minha liberdade e gosto muito de fazer as minhas escolhas e ter as minhas opiniões usando-o em pleno.

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