Os átomos e as histórias

Maria Manuela, eu concordo contigo; de histórias, muito mais do que de átomos, se compõe e define a vida.
As histórias guardam em si afectos e tornam eternos, todos os instantes dos beijos, dos abraços e a enxurrada de emoções de tantos, e às vezes tão ridículos amores.
As histórias gritam palavras e fervilham com as sensações tatuadas aos nossos dias pela mão da gente com quem partilhamos a “estrada”.
As histórias são essa mesma gente.
As histórias riem e choram, por nós e como nós, dando expressão de verdade ao que alma sente.
As histórias guardam dores, desalentos…
E as histórias cantam, gritam vitória e oferecem-nos mar e caravela para que da nossa esperança nasçam as rimas de uma epopeia perfeita.
As histórias são rotas, são caminhos, destino vão ou verdadeiro; e as histórias jamais sacodem de si, o pó dos nossos passos por sobre todas as agruras dos caminhos.
As histórias são sonhos e são pedaços soletrados das nossas mais indispensáveis vontades.
As histórias encerram em si toda a ciência e são teoremas explicados da microbiologia da mais profunda fé.
Um dia, alguém entregará por mim, e por minha expressa vontade, os meus átomos à paciente nobreza de um sobreiro que sem pressas e durante quase uma década, tece no seu tronco, o tecto perfeito para o vinho com que os meus “netos” brindarão à vida.
Serei eterno oferecendo impulso ao extraordinário e único ciclo perfeito que é a própria vida.
Mas nesse dia, mais do que os átomos eternos na matéria, falarão de mim as histórias…
Por via da alma.

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