Jamais conseguirei imaginar o espaço e o tempo com outra finalidade que não seja voar contigo


No Camões há um menino que corre feliz atrás dos pombos tentando em vão agarrá-los.
Não se importa nada quando os vê voar à sua frente, e bate palmas e grita perante esta expressão de liberdade das aves que sobem depois até pousarem algures na estátua do poeta.
Encostado à grade que espreita a Rua das Flores, eu sou outra criança a aplaudir a liberdade; mas não resisto, e pelas asas que o teu amor me oferece, voo eu como os pombos até ao ponto cimeiro, a torre onde a poesia se celebra e se sente no despudorado namoro com o sol do fim da tarde de Lisboa.
Voo… e celebro a liberdade quando depois da espera, o teu primeiro beijo me traz a pele e o aroma que são a minha casa, a torre onde mora a poesia.
Ficaria aqui eternamente abraçado a ti a enfeitar Lisboa de amor por entre o bater das asas dos pombos e das gaivotas, e o riso e as palmas de todos os meninos.
Mas a tarde incita-nos a voar juntos; e voamos depois os dois por sobre os telhados da cidade gozando da rebeldia de quem só da sua vontade tomou regras.
Só pousamos aqui e ali para que os olhares se namorem e os nossos corpos ensaiem um abraço informal que põe cor sobre o chão a preto e branco da cidade.
E continuamos a voar…
Jamais conseguirei imaginar o espaço e o tempo com outra finalidade que não seja voar contigo e celebrar a liberdade.

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