A face nova de todas as velhas ruas


A lua nova acesa atrás de mim é irmã da cidade que descubro diferente quando lhe entrego o meu olhar.
As mesmas ruas, os mesmos templos, as mesmas casas… mas tudo se revela novo nesta hora em que o teu respirar insufla no meu a atmosfera única dos mais perfeitos beijos de amor.
Os teus lábios a temperarem de sonhos e rosas, a brisa fresca e cor de Tejo, da noite de Lisboa.
E aquele abraço…
Aquele instante em que a minha mão se funde com a tua e descemos juntos com a cidade aos nossos pés, sem sabermos nunca onde acaba um, onde começa o outro; felizes juntos e apenas porque este Outono é nosso, como serão todas as demais estações.
E bebo do teu cheiro e sinto a minha pele a saciar-se na tua…
No Carmo, a liberdade transpira de todos os recantos, das tílias, da promessa lilás dos jacarandás; e nós, os filhos da madrugada, fazemos desta hora a festa rubra de todas as flores.
Cumpre-se o amor sem os grilhões que lhe apagam a verdade, e assim se grita a liberdade.
Gosto tanto de ti…
Sinto-o em tudo e também na saudade que soluça em mim no trajecto de volta a casa. Rádio desligado, músicas rendidas ao silêncio, que tantas e perfeitas são as tuas palavras que ecoam em mim nesta hora e se prolongam pela noite em que te peço aos sonhos.
Algures pela manhã, a guitarra afinará o toque com as palavras de amor que se soltaram dos dias deste ser feliz que semeaste em mim.
Todas as palavras de amor que ditaste à poesia…
O tocador arrancará da guitarra os “Verdes Anos”, de Paredes, enquanto as palavras dirão o que nós somos.
Somos tudo, o futuro, cúmplices e príncipes de todas as luas.
Somos a liberdade, a voz, a paz, a melhor cidade…
Somos a face nova de todas as velhas ruas.
Somos os dias…
E eu gosto tanto de ti.

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