Crónicas da beira mar II

A proximidade das cadeiras em posição recostada de primeira plateia à sombra para ver o Atlântico é terrível para nos transportar directamente para outros mundos que não o nosso; e eu, que pelas minhas leituras ando pelo campus de uma universidade do Connecticut, sou automaticamente levado para a pielonefrite da minha vizinha Brasileira, em conversa telefónica com a sogra.

Enquanto o "amorre" que é Português e o "molequinho", uma espécie de Enciclopédia Luso-Brasileira em versão de bolso com capa / calções fluorescentes, vão nadar, eu tenho de ouvir as explicações sobre "uma coisa terrível que não tem nada a ver com o Coli que costuma ter na perseguida".

Eu... e uma idosa lusitana que algures na pacatez do seu lar tem pelo telefone uma lição de Bacteriologia sobre os malefícios da Escherichia Coli, mas ao jeito de um episódio do Pantanal ou da Tieta do Agreste.

Mais atrás na "plateia" há alguém que lê as sombras de Grey em Inglês, leitura que feita assim na praia põe em risco a calma de qualquer lugar que a todo o momento poderá ser atingido pela revolta das "perseguidas", mas mais em missão de perseguir.


Sabe-se lá o que passará agora na cabeça da criatura...

Eu bem tento voltar para o Connecticut mas o vizinho casal Alemão ao meu lado não sossega com o abre chapéu, fecha chapéu, troca chapéu, arrasta cadeira... num remake do filme de terror "Alemanha inquieta o sul da Europa", incomodando mais do que as moscas que pousam meladas sobre a minha camada de protector 50.

E a Brasileira segue:

- "Tá vendo?"

A das sombras poderá começar a ficar louca, os Alemães não param...

- See you later Connecticut. Vou ao banho.

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