Eu nasço em todos os instantes em que me abraço à minha liberdade


Eu nasço em todos os instantes em que me abraço à minha liberdade.
O chão de milénios e as ruinas dos palácios de outrora enfeitam os jardins por onde ecoa perpétuo o grito dos heróis. Há gambiarras que rasgam a noite e projectam de nós sombras disformes enquanto buscamos o recanto de uma velha fonte que se rendeu ao tempo e desistiu da água.
Lá muito em baixo, ao fundo e nas margens do rio, soa uma música que fala de amor e de navegar. Trovas do tempo em que crescemos.
E a fonte parece ter sido esculpida para nos acolher nesta noite quente de verão varrida pelo vento, muito mais do que para soltar a água num caudal generoso e sem fim.
Então, nós calamos o proibido, matamos as convenções e entregamo-nos a um abraço sem nos importarmos qual a sombra que dele projectam os focos e as gambiarras; sem queremos saber daquilo que dele se possa ver ou contar. 
Somos nós.
Eu estou abraçado a ti, e por ti à minha liberdade.
Junto ao rio soltam fogo colorido e fazem festa.
E eu por aqui sinto que nasci.    

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