Há tanto de novo aqui... debaixo do sol

O despertador cumpre a sua função e acorda-me às cinco quebrando um sonho do qual esqueço o conteúdo diluído na irritação de sair da cama em hora contra-natura.

Tomo o duche com a sensação de que acordo o prédio todo, mesmo permanecendo em silêncio e não trauteando "O anzol" dos Rádio Macau, como é hábito pela manhã.

Depois...

Há sempre um vizinho que passeio um cão, a rádio tem programas estranhos a esta hora da manhã, a auto-estrada parece ter sido desenhada só para mim, Lisboa é a cidade que nunca apetece deixar, o aeroporto tomado pelo caos em dia de greve, o voo atrasado, o café, as colegas e os segredos para disfarçar olheiras, o tempo para escrever...

Agora.

Pedirei ao despertador que um dia me acorde sem me acordar; e sem ter de abandonar o sonho onde tu moras, tomaremos os dois a rota de todas as viagens que sonhamos e persistem na nossa vontade.

O café depois do duche, Lisboa a espreguiçar-se no amanhecer, os nossos sorrisos sem olheiras, e nós os dois envoltos numa música que trai deliberadamente os Rádio Macau: há tanto de novo aqui debaixo do sol.

Um beijo com a saudade de quem já viu no monitor o número da porta de embarque.

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