Nós sabemos tão bem!
Um
dia convidar-te-ei para ires comigo ao teatro ver uma peça que fale de amor.
As
pancadas de Molière pedirão silêncio imediatamente antes do pano se abrir, dos
técnicos incendiarem a ribalta e de chamarem à cena todos os actores.
O
espectáculo começará…
Estaremos
atentos às palavras que narram a história de um tempo longínquo, dos amantes,
dos maus e bons agoiros, de uma cidade junto ao mar… e que ressuscitam a poesia,
que lhe dão corpo e voz de gente, como nós.
Ao
fundo no palco, muito possivelmente existirá uma escada de ferro que sobe
e desaparece na escuridão e no silêncio da bambolina; estarei atento a ela
muitas vezes ao longo da noite para que o olhar se ocupe com algo enquanto a
minha pele se entretém com o respirar da tua.
E
talvez até exista uma velha actriz que cite Byron…
A
poesia.
Mas
muito antes da peça terminar, de irromperem os aplausos e de entendermos
finalmente o fim da história, seremos nós na plateia de um teatro; nós os dois
e sem sequer recorrermos a uma só palavra, os heróis da mais bonita história de
amor.
A
minha pele e o respirar da tua a contrariarem Byron:
“Sabemos
muito pouco o que somos e menos ainda o que podemos ser”.
Nós
sabemos tão bem!
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