“A nossa Merkel” é um genérico manhoso, de má qualidade e sem bioequivalência

Apesar de contribuir mensalmente para o “equilíbrio” das contas públicas com mais de metade do meu vencimento, entre Segurança Social e IRS, este fim-de-semana vou ter de fazer um esforço suplementar e retirar da minha conta mais alguns milhares de Euros que endossarei para o Ministério das Finanças por via bancária.
O sucesso desta operação de “assalto à mão desarmada” às minhas poupanças e às dos meus concidadãos é apresentado sob a forma de números, rácios e outros indicadores do âmbito da economia, estatísticas onde se realça a protecção da banca e do sistema financeiro per si.
Não interessa se recentemente tenho tentado ajudar um amigo que tem o pai no corredor de um hospital público há oito dias por ainda não lhe terem arranjado uma cama para o tratar com o mínimo de dignidade após o AVC que sofreu.
Desde que o PIB funcione…
Eu sei que me chamarão básico, iletrado e possivelmente populista por me socorrer deste tipo de argumentos, mas não consigo deixar de me sentir defraudado por me estarem a roubar o oxigénio enquanto o meu país morre de asfixia.
Porque são as pessoas que fazem um país, já o tenho repetido várias vezes.
Acho que nada acontece por acaso…
Há algumas semanas enquanto lia o jornal Expresso deparei-me com um daqueles artigos ao estilo de “Omo lava mais branco” em que a depuração da imagem da Ministra das Finanças assentava no título de “A nossa Merkel”, desde logo a pressupor que tal comparação é um elogio para qualquer pessoa.
A senhora loura que ontem me entrou pela sala pela porta dos telejornais a debitar números, era então apresentada como uma brilhante economista que nos anos oitenta tirou o curso por opção na Universidade Lusíada, numa altura em que as pessoas com posses evitavam o ambiente conturbado das universidades públicas.
Terá a jornalista confundido os anos oitenta com outros anos quaisquer pois entre 1984 e 1989 tirei a minha licenciatura na Universidade de Lisboa e nem uma greve ou conturbação ocorreu. Confusão talvez propositada e por conveniência porque nos anos oitenta só frequentava a Universidade Lusíada quem não tinha média para entrar numa outra qualquer de natureza pública. Era definitivamente uma escola de recurso para alunos com médias baixas no secundário onde a dita senhora acabou por se licenciar com uma média de 14, o que não é lá grande cartão-de-visita para quem depois ficou por lá a formar novos “crânios”.
A “nossa Merkel” é então um genérico manhoso e de má qualidade, sem bioequivalência relativamente à senhora que gere a Alemanha (e por inerência, a Europa).
Não será só culpa dos intérpretes pois o guião é em si mesmo muito mau, mas infelizmente para nós, a política está repleta destas pessoas menos capacitadas, com deficit de formação, que “compraram” os seus títulos em instituições de menor credibilidade e que foram fazendo curriculum por via de sucessivas nomeações.
E saberá Deus que vícios privados habitam por detrás das virtudes de tais curricula.
Expostas ao benefício da construção de uma imagem pública de excelência com o beneplácito da imprensa, são estas pessoas que “gerem” o país e que justificam em grande medida a asfixia da nossa história mais recente.
Sem a mínima noção de quem gerem as vidas e as dores de muita gente.
Digo-o eu e disse-o o insuspeito Prof. Adriano Moreira ainda esta semana na TVI24 quando afirmou que o governo está a esquecer valores e princípios.
Nada acontece por acaso…
Ontem ao escutar a ministra e estando na posse da carta das finanças com o código para fazer a minha transferência algures por este fim-de-semana, não pude deixar de me sentir da mesma forma de quando há alguns anos os “cábulas” me cobiçavam aquelas provas que me deram livre acesso a uma universidade pública que frequentei por entre a maior paz do universo.
Aqui pedem-me dinheiro num processo em que só a alma está imune à cobiça.
A alma que diz não e se revolta perante a mediocridade.  


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