E pimba… o regresso!

Há sempre algo que vem legitimar o título de tonta atribuído a esta estação do sol e das praias, e talvez tenha sido isso que senti justificar o facto de estar parado num semáforo de uma esquina de Lisboa e ter descoberto de repente que a loura que conduzia o super Mercedes que estava ao meu lado era a cantora Ágata.
Logo ali e em dia de regresso ao trabalho, a nossa fragilidade apela aos santinhos todos num pranto ao estilo de “Mãe querida, mãe querida…” e desliza para um secundaríssimo plano, o antecipado desconforto do regresso aos Mocassins depois de um mês de liberdade total para os pés em gozo de férias.
Já para não falar do aperto que as gravatas me oferecem ao pescoço habituado à brandura dos pólos…
Por entre o "perfume", que não de mulher, mas desse improvável dueto da Rainha do Pimba com um Quim Barreiros que não é o original; nada mais poderá constituir factor de risco para uma possível depressão pós-férias de verão.
Saberá no entanto Deus qual a causa para a imensidão do castigo que para mim constituiu tal visão demoníaca (e loura), como se de repente eu tivesse saltado para um videoclip do "saudoso" programa "Made in Portugal", para dentro de “A Casa dos Segredos” da Teresa Guilherme, para uma página central e poster da revista “Ana mais atrevida”, ou então para um daqueles programas da tarde em que os apresentadores me põem à mercê de Captopril debaixo da língua quando falam mil vezes por hora dos números de oitocentos e qualquer coisa e das enormíssimas vantagens de ligar e ganhar milhares e milhares de Euros.
Foi portanto com os pés devidamente aconchegados, com o pescoço aprumadinho num fantástico nó de duas voltas, e sem qualquer laivo de queixume que voltei a tomar a bica pelas sete horas da manhã na pastelaria do costume e a dar dois dedos de conversa enquanto folheio e leio as gordas do Record.
E as gordas, juro que não é piada para a Ágata.
Depois o trabalho, a alegria de rever os colegas e um dia fantástico, claro; se até a colega que faz a limpeza escutava por aqui e partilhou comigo o som do Waterloo dos Abba, da Eurovisão de 1974, um pouco antes das oito da manhã…
É que só podia correr bem...
Porque se o segredo e o melhor dos dias é o bom humor, nada de mau acontece se nos agarrarmos a ele com unhas e dentes dizendo a toda a hora que "podes ficar com o resto e dizer que eu não presto, mas não fiques com ele..."
Ele, o bom humor claro, que a outra coisa bem diferente se referia a Ágata nos seus “malditos amores”.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O MUNDO MAIS BONITO E CONFORTÁVEL NUM TEMPO A CHEIRAR A FLORES

“Quando mal, nunca pior” ou a inexplicável rendição à mediocridade

TESTAMENTO DE UM ANO COMUM