As palavras são de quem as lê, tanto ou mais quanto de quem as escreve...



As palavras são de quem as lê, tanto ou mais quanto de quem as escreve. E muito grato se sente o escritor ou o poeta quando se senta à conversa com um amigo algures na fonte onde correm os seus versos.
Amigos de alguns amigos que temos em comum, eu e o Carlos nunca nos tínhamos visto pessoalmente, apesar de quase todas as manhãs trocarmos gostos e comentários sobre as laranjas que vão nascendo no espaço virtual do meu Pomar.
Conhecemo-nos ontem no seu restaurante em Aveiro. Eu levei palavras escritas, ele desenhou a poesia que o paladar sabe ler e acabámos os dois a conversar muito e a fazer uma foto junto à parede onde moram imagens de Pessoa e Saramago.
Contou-me também o Carlos que junto a uma das paredes exteriores do edifício existia uma fonte que os Aveirenses baptizaram dos amores; e que há alguns anos, a autarquia resolveu mudar o fontanário para um sítio onde não corre água, porque essa continua a jorrar intensamente do sítio original.
As fontes inesgotáveis que ninguém consegue apagar, ou, poeta e leitor, eu e o Carlos, cada um com o seu amor na torrente das palavras que jamais se apagam nas nossas madrugadas.
No sítio onde queremos, muito mais do que em qualquer outro onde nos queiram pôr.
Os dias são especiais quando nos fazem sentir vivos por ainda nos conseguirem surpreender.

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