Gosto da estrela…


De tudo o que envolve a história da epifania confesso que é a estrela aquilo de que mais gosto.
Um detalhe do céu que abre uma rota entre o oriente e Belém, uma estrada revelada aos Reis Magos portadores de ouro, incenso e mirra: Belchior, o ouro que celebra a nobreza de Jesus; Gaspar, o incenso que assinala a sua divindade; e Baltasar, a mirra, erva amarga que sinaliza Jesus como um Homem e se constitui como premonição para o sofrimento que o irá atingir enquanto tal.
Uma história tecida por fragmentos de muitas lendas costurados ao longo dos séculos, muito mais do que por qualquer evidência expressa nos textos sagrados.
Não é verdade minha querida amiga especialista teóloga Manuela Silvério Barreiros?
Gosto da estrela…
E gosto da noite em geral por ser a portadora daqueles instantes em que nada se interpõe entre nós e o pensamento, e os impossíveis definitivamente se apagam.
Tudo pode ser nosso sonhado na vígil contemplação das estrelas do céu: abrem-se rotas, acertam-se os passos, as distâncias podem morrer nos braços de um beijo e não há palavras que não possam nascer até do lado mais obscuro do silêncio.
Podemos ser tudo e ser nós, argumentistas e protagonistas da melhor das histórias, a nossa… e até podemos ser reis e magos unindo oriente e ocidente, sonhos e realidade; unindo-nos à “divindade” suprema da verdade que nos constrói a alma.
A lua tem estado gigantesca por estes dias, irresistível entre mim e as estrelas naquele precioso momento em que antes de ir para a cama, pego na caneca do chá de lúcia-lima e me encosto à vidraça para “voar” por sobre tudo. Às vezes com um bloco e uma caneta ao lado para não “perder” pitada de algo mais apetitoso que se possa soltar do pensamento, talvez pedaços de ouro ou incenso que a noite, generosa, me possa trazer, já que… mirra, amarga… já há que chegue.
E com uma lua assim, com tantas estrelas e com o tudo que se tem do pensamento, quem é que consegue ter saudades do sol?

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