Je suis Charlie


O terrorismo motivado por extremismos de natureza religiosa é o cuspo dos imbecis sobre a face de Deus mais próxima de nós: os outros Homens.
Fazer-se juiz da atitude dos outros condenando-os irreversivelmente à morte é substituir-se a Deus, matando assim a sua divindade e dando-Lhe um estatuto humano equivalente ao nosso. E negar a divindade de Deus é trair definitivamente a própria fé.
E nunca, mas mesmo nunca, é admissível ferir ou matar a liberdade de cada Homem expressa pelas múltiplas linguagens ao seu alcance. A liberdade e a diversidade são provas da riqueza da humanidade, e para quem tem fé, são motivo para louvar a Deus.
O crente que não for um Homem ao serviço da liberdade é definitivamente um hipócrita.
Os acontecimentos de hoje em Paris são pois a mutilação de Deus e são também e infelizmente, o epílogo natural da história recente de uma Europa que trocou valores como a liberdade, pelos valores expressos em Euros nas bolsas e nos mercados.
Há muito que deveria ter sido dada “tolerância zero” à intolerância de natureza étnica e religiosa, expressa tantas vezes e nas aparentemente mais insignificantes situações. No verão de 2008 enquanto descia os Campos Elísios na companhia de um grupo de amigos, fomos todos interpelados e ofendidos por um grupo de jovens muçulmanos só porque entre homens e mulheres, íamos a passear de uma forma normal e natural como o fazemos ainda hoje em qualquer cidade.
Só porque íamos sem véus e biombos sobre a saborosíssima verdade que a alma determina à nossa forma de amar.
A Europa distraiu-se e traiu de morte a sua genética feita de ser livre.
Os tiros de hoje na manhã de Paris foram pois um atentado sobre todos nós, aqueles que nascemos, que gostamos de ser livres e que não desprezamos qualquer situação para desfrutar dessa liberdade.
Viva a Europa.
Viva a liberdade.
E digo-vos isto por entre a fé num Deus que para mim será sempre vida. 

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