Há murros e murros…


Às vezes os melhores do mundo também se inflamam e, despojando-se das vestes do “divino”, descem dos altares e dos pedestais dourados onde nós prematuramente os colocámos em estátuas, revestem-se da mais humana sina e vêm esmurrar e pontapear os restantes mortais.
O poder inebria e às vezes parece oferecer asas para voar por cima do bem e do mal.
Clara ilusão.
E os socos “fáceis” dos poderosos sobre os mais fracos são manifestações da sobranceria vã e bacoca dos ditadores; e são a autoproclamada morte dos heróis.
Estás a ouvir Ronaldo?
E não chega pedir desculpas por esse gesto tão feio exactamente no dia em que passavam dez anos sobre a morte de Féher em campo.  
Mas às vezes são os fracos que se revoltam e dão socos e murros nos poderosos; e fazem-no tantas vezes por sobre as dores da miséria a que estão condenados.
E os murros dos fracos sobre os “ditadores” são prova e marca de heróis.
São os murros legítimos.
Os poderosos da Europa “brincaram” demasiado com a honra e a dignidade dos cidadãos do Euro, e a bem dos deficits e por culpa da austeridade, há hoje demasiada gente a vasculhar comida no lixo, a dormir ao relento ou a morrer esquecida nas macas à porta dos hospitais.
Syriza vencedor no fim de tarde de um domingo de eleições em Atenas?
Eu estou pessoalmente nos antípodas do extremismo populista de esquerda, mas se sim é um murro do povo que não posso deixar de dizer que assenta que nem uma luva aos exercícios maquiavélicos do experimentalismo económico que nos condenou ao “aguenta, aguenta” que rondou o impossível.
Agora aguentem vocês.
Um dia, algures cinco séculos antes de Cristo, Sócrates afirmou que “não sou Ateniense nem Grego, mas apenas um cidadão do mundo”.
É o assumir a liberdade em pleno na morte das fronteiras e nos “espartilhos” que nos querem oferecer. É a universalidade do Homem.
Mas também há domingos em que a bem da liberdade, nós cidadãos do mundo temos de ser Atenienses e Gregos.

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