Um “crime” no Expresso do Oriente


Deixamos Paris e tomamos a rota do velho Oriente Express, que mesmo sem Poirot e sem mistérios, nos deixará muito perto do Pera Palace Hotel, para que dos seus salões de alcatifas cor de mel possamos espreitar Agatha Christie por ali sentada a inventar um crime com tantas punhaladas quanto os suspeitos… e os culpados.
Viemos os dois, “suspeitos” e “culpados” pelo querer que por esta altura já construiu um só império celebrado a beijos partilhados por entre o aroma quente do Narguilé.
Na esplanada de onde se avista o Bósforo há Baklava de pistacho e romã sobre a mesma mesa onde partilhamos um chá de maçã.
Dispensamos o açúcar.
Sentimos a lua a acender-se aos poucos e a tornar inevitável um passeio a pé…
O grande bazar, o mercado das especiarias, o telhado azul da mesquita, Santa Sofia, a cisterna e… paramos para um gelado preparado por um homem entre toques de sinos e malabarismos.
Um gelado com frutos.
- You are a lucky man.
Confidencia-me o Turco.
- Yes, I am.
Respondo.
Como não ser…
Os teus olhos, como punhaladas, “mataram” a má sorte nas carruagens do Expresso do Oriente, e eu renasci nas malhas doces de um novo império.
Sou um homem de sorte, viemos os dois a Istambul.

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