“The streets of Philadelphia”


A ida a Coimbra afinal não se concretiza e fico com mais tempo para tomar uma água com gás, sentado num café, no Porto, antes de regressar directamente a Lisboa.
A sessão de quimioterapia ficou adiada para amanhã porque ele se esqueceu de tomar um comprimido que a deveria preparar.
Na aparelhagem do café toca “The streets of Philadelphia” de Bruce Springsteen, e nós encontramo-nos; amigos de há muito que há muito não se viam.
Sentamo-nos neste acaso com a água e um “pingo”, e são as palavras que nos levam a rodopiar ao som da improvável “La mamma morta” na voz de Callas. Como Tom Hanks dançamos com as palavras que se fazem o soro e o antídoto que corre na esperança de que tudo passe.
Depois um abraço e uma dedicatória no livro “Nós” que eu tinha na mala do carro.
A poesia das flores da capa na foto captada pelo Ângelo acrescentam imediatamente vida a este instante.
As ruas de Philadelphia às vezes são as ruas do Porto; e não é preciso esperar para um dia treze para ter sorte.
O tumor irá sucumbir à química e à poesia.

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